terça-feira, 2 de abril de 2013

Consternação

De onde vir, venho só.

De minhas entranhas brotam
Versos que não são meus.
Sinto dores que não são minhas
E há em meu coração todas as angústias.

Ando só. Sinto só.

Há em mim um rio torrencial
De lágrimas alheias.

Amo só. Morrerei só.

Há em mim tudo:
Os gritos que ecoam,
O silencio oculto,
Os olhares mudos,
E toda solidão do mundo.

Alguém um dia me dará a mão?
Quem?
E quando eu morrer o que será
Do meu destino que não mais existirá?
Não haverá destino para mim
Quando não mais existir.
O meu destino será um destino alheio.

Não haverá mais ninguém
Para dizer: “Estou só”.
Não haverá mais eu.
Haverá apenas a lembrança
De alguém que se passou na vida por mim.