domingo, 30 de dezembro de 2012

Coração Humano

Tão frágil é meu coração.
Solitário, exausto e repleto de compaixão.
Nele carrego todas as dores do mundo,
Meu coração que é pequeno
E maior que o mundo.

Tenho um coração que ama.
Um coração valente, que ama como um todo,
Com a coragem de não amar pela metade.
Um coração que ama sem egoísmo,
Com a mais perfeita forma de amar: “Liberdade”!

De amor foi feito meu coração.
De alegria tornou-se frágil.
De sofrer tornou-se forte.
De amor tornou-se humano.

Um coração que sofre,
Mas que ainda assim continua a amar.
Um coração ingênuo, ainda assim forte,
Que sem medo ama com tudo que pode.

Um coração que não dar ouvidos a razão.
Que vive em pleno sentimento.
Ah, meu coração!
Sou tão fraco que sinto inveja de ti.

Tão livre é meu coração.
Às vezes rir, outras chora,
Sem pudor e sem medo.
Um coração com um profundo segredo.

Um coração arcaico e avoado
Que se perdeu no tempo,
Que sobreviveu a árduas tempestades.
Um coração guerreiro,
Que não tem medo da verdade.

Um coração unipessoal,
Livre de preconceitos e pré-conceitos.
Pueril em todos os sentidos.
Um coração que já passou por tudo,
Ainda assim continua vivo.

Um coração intrépido,
O maior entre todos.
Um coração que em silêncio minucioso
Dar o que há de melhor ao outro.
Um coração...
Um coração humano.

Suicídio (Um Ato Egoísta)

.
Estou cansado da vida
Cansado de buscar força aonde não existe.
Cansado de ver o que não quero
De viver em mundo desumano e colérico.

Estou cansado de viver na solidão.
Sim! Sei que muitos me amam,
Mas eu próprio estou cansado de mim,
De lutar e nunca coexistir.
É que ninguém sabe o que vivo,
As coisas que vejo e que sinto.

Não tenho raiva do mundo, da vida,
Sinto raiva de mim e de minhas palavras ditas.
Ó, céus! Se pudesse expressar em minhas palavras
O que realmente vivo e sinto.
Não da mais, desisto!
Enfim, só me resta o suicídio.

Hoje estou me preparando para morrer.
Hoje é o último dia da minha
[angústia existencial.
Mas hoje também é minha dor,
O meu ato mais egoísta de amor.

Ó Deus, perdoa-me!
Não quero deixar quem amo,
Não quero fazê-los sofrer,
Não quero deixar o que vivi
e que poderei viver.

O excesso de amor é o que está me matando
E o que ainda me mantém vivo.

A Verdade

É verdade a mentira?
É mentira a verdade?
É verdade a verdade?
Mas a verdade de hoje
ou a verdade de ontem?
Ou a verdade que virá
Transforma-se em mentira
E novamente em verdade?
Deram-me a verdade.
Mas a verdade imposta, ou a verdade em si?
A verdade dos fracos ou a verdade dos fortes?
A inquisição das religiões? O que é a verdade?

Já estou tão cansado e estupefato da verdade
Que já não sei se é verdade o que digo.
Ou se a verdade do que digo
É a mentira da verdade.
O que é verdade para ti, será também para mim?

A verdade do passado será a verdade do futuro?
A verdade é como a morte!
A verdade está em mim.
Ah, e vos digo: Não sei se o que digo é verdade,
Pois amanhã já não serei mais eu.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Apenas um poema

Hoje o que escrevo são apenas
Palavras ao vento.
São flores que desabrocham.
Hoje o que escrevo não tem tempo.
São tênues impulsos do pensamento.

Hoje o que escrevo,
Não irá mudar o mundo,
Não irá parar as guerras,
Não irá acabar com a estupidez, ignorância,
Ódio, indiferença, egoísmo, inveja.
Não irá acabar com as religiões doentes,
Com o preconceito, com os suicídios,
Com as angústias e medos humanos.

Hoje o que escrevo são apenas palavras.
Palavras, palavras, palavras...
Sonhos, sonhos, sonhos...
Hoje o que escrevo ninguém ver,
Não escuta, não toca, não senti.
Não salvará nossas crianças de se tornarem
Adultos solitários e doentes.

Hoje o que escrevo não irá fazer
Com que as pessoas se amem verdadeiramente.
As coisas simples continuarão a ser
Importantes apenas para os moribundos.
As pessoas não vão acordar,
Vão continuar com suas mascaras.

Hoje o que escrevo me dar raiva,
Medo e uma tristeza indizível.
Escrevo apenas por não ter com quem falar,
Se é que há alguém para falar.
Escrevo por não saber o que dizer,
O que pensar... Como viver.
Ó, Deus! Como viver?

Hoje escrevo com os olhos fechados
E com a boca trêmula.
Hoje escrevo com os pulsos cortados,
Com a respiração expectorante.
Escrevo com os olhos de águia,
Com um olhar de fúria,
De quem deseja matar.
Mas como matar o que não se ver?

Hoje o que escrevo não salvará meu coração.
Não me dará a paz que tanto preciso.
Não me libertará da solidão.
Meus ombros continuarão a suportar
Todo o peso do mundo.
Meus olhos continuarão a ver tudo.

Hoje o que escrevo é um delírio,
Um aperto em meu coração
Que tento expelir para viver.
Na verdade, o que realmente sinto,
Não sei dizer.

[...] Hoje o domingo está tão bonito.
Vou dar uma volta no lago,
Beijar e abraçar o meu amor,
E brincar até esquecer.
Hoje vou viver, pois o que escrevo,
Irá torna-se apenas um poema, nada mais.

Ser Eu e Ser no Mundo


Ser eu é uma luta diária
Eu e eu e tudo mais.
Eu e tudo
Eu e nada
Simplesmente eu e nada mais.
Eu, o agora de um passado.
Eu e tudo que se perdeu.
Eu e o amor arcaico.
Eu e o mundo.
Eu e só.

Eu, a areia do mar em tuas mãos
em um dia de ventania.
Eu, alguém que te faz sorrir.
Eu, alguém que chora e rir.
Eu, e o que restou de mim.

Eu, palavras inexistentes,
tempestade da madrugada
em uma noite de insônia inerente.
Eu, só mais um ser.
Só mais um alguém...
Só um mais ninguém...

Eu, só mais um coração ferido
pelo tempo.
Só mais alguém que carrega
em si o pesar do conhecimento.
Só mais um ser no mundo.

Eu e eu, só mais um silêncio gritante.
Eu e eu, só mais alguém pedindo socorro.
Eu e minhas palavras,
meus pensamentos e sentimentos,
meus sonhos e desejos,
meus amores e medo.

Eu e meus olhos.
Ah, meus olhos! Suplico-lhes: Dê-me paz!