quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Apenas um poema

Hoje o que escrevo são apenas
Palavras ao vento.
São flores que desabrocham.
Hoje o que escrevo não tem tempo.
São tênues impulsos do pensamento.

Hoje o que escrevo,
Não irá mudar o mundo,
Não irá parar as guerras,
Não irá acabar com a estupidez, ignorância,
Ódio, indiferença, egoísmo, inveja.
Não irá acabar com as religiões doentes,
Com o preconceito, com os suicídios,
Com as angústias e medos humanos.

Hoje o que escrevo são apenas palavras.
Palavras, palavras, palavras...
Sonhos, sonhos, sonhos...
Hoje o que escrevo ninguém ver,
Não escuta, não toca, não senti.
Não salvará nossas crianças de se tornarem
Adultos solitários e doentes.

Hoje o que escrevo não irá fazer
Com que as pessoas se amem verdadeiramente.
As coisas simples continuarão a ser
Importantes apenas para os moribundos.
As pessoas não vão acordar,
Vão continuar com suas mascaras.

Hoje o que escrevo me dar raiva,
Medo e uma tristeza indizível.
Escrevo apenas por não ter com quem falar,
Se é que há alguém para falar.
Escrevo por não saber o que dizer,
O que pensar... Como viver.
Ó, Deus! Como viver?

Hoje escrevo com os olhos fechados
E com a boca trêmula.
Hoje escrevo com os pulsos cortados,
Com a respiração expectorante.
Escrevo com os olhos de águia,
Com um olhar de fúria,
De quem deseja matar.
Mas como matar o que não se ver?

Hoje o que escrevo não salvará meu coração.
Não me dará a paz que tanto preciso.
Não me libertará da solidão.
Meus ombros continuarão a suportar
Todo o peso do mundo.
Meus olhos continuarão a ver tudo.

Hoje o que escrevo é um delírio,
Um aperto em meu coração
Que tento expelir para viver.
Na verdade, o que realmente sinto,
Não sei dizer.

[...] Hoje o domingo está tão bonito.
Vou dar uma volta no lago,
Beijar e abraçar o meu amor,
E brincar até esquecer.
Hoje vou viver, pois o que escrevo,
Irá torna-se apenas um poema, nada mais.

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