Súplicas já não são mais ouvidas
Lágrimas não mais irrigam.
O corpo ainda sustenta,
Pois nas almas não há mais vidas.
As crianças gritam:
– Parem! Não, por favor!
Pedaços de corpos flutuam em nossas mentes.
E mesmo fechados
Os olhos continuam a visualizar
Os momentos de terror,
A imoralidade de dementes.
Alguns idolatrados como se fossem deuses.
A insanidade aceita pela sociedade.
Espectros matando futuros espectros,
E nossas mulheres estupradas e mortas.
Enquanto nosso coração sangra,
Tranquem as portas.
O sol não é o mesmo em nosso país.
O tempo está sempre nublado
E as nuvens carregadas.
Sabemos que a qualquer
Momento irá chover sangue.
Quantos? Quantas crianças?
Estamos distantes?
Quantos corpos ainda terão de queimar?
E quando não tiverem mais a quem matar?
O mundo tem o cheiro da morte.
Acabaram as flores,
Foram substituídas por diamantes sem cores.
Os pássaros sucumbiram,
Seus cantos foram substituídos
Por cada bala que saia da culatra
E voava nossos ares insípidos.
O céu tornou-se negro,
Coberto por cortinas de fumaça e desespero.
Mãos, pés... Todos os pedaços encontrados no telhado.
É a guerra do amor a pátria...
Do amor a pátria?
Estou estupefato,
Não morrerei por minha pátria
Não lutarei enquanto outros tomam vinho
E comemoram cada explosão e mutilamento.
– Façam a montanha de corpos e soltem os fogos!
Oh, céus! Ainda falam de inferno após a morte,
Como se não bastasse o abandono de Deus
E o holocausto multiforme.
Onde está Deus?
Está no meio dos refugiados,
No próximo caminhão a ser executado.
Bombardearam nossa esperança,
Nosso ultimo refúgio.
É hora de enfeitar os túmulos.
Perdoe-me por ser apenas uma criança.
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