quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

O Tempo Está Me Comendo

Já não sei se é dia ou noite.
Já não sei que horas são.
Será que o tempo está me furtando?
Será que o tempo está me dando à mão?
Será que o tempo está gritando em mim?
Será que o tempo está me dando tempo?

Já não escuto a música silente da aurora.
Já não vejo o desabrochar das flores.
A vida já não tem cores.
Será que o tempo está me dando tempo?
O tempo está cortando meu rosto
Com uma navalha.
O tempo olha para mim cara a cara,
Olha para mim com raiva.
O tempo está me comendo.
O tempo está me dando tempo.
E há tempo perco o tempo.

O tempo grita de mim para mim.
E há tempo estou mudo,
Cego e surdo.
Há tempo vivo em palavras.
Há tempo sou tudo e nada.
Há tempo vivo em silêncio,
Medo, angústia e solidão.
Será que o tempo está me dando à mão?
Será que o tempo está me dando tempo?

Ó Deus! O tempo está me olhando nos olhos.
A vida está me olhando nos olhos.
A morte está me olhando nos olhos.
Ai, ai! Não tenho coragem de me ver.
O meu reflexo também
está me olhando nos olhos?
Quem de mim está me olhando nos olhos?
Não consigo me ver.

O tempo está me comendo gradualmente
Como um cadáver em decomposição.
O tempo está me dando tempo?
O tempo está me dando à mão?
Mas, e eu, estou me dando à mão?
O tempo está gritando de mim para mim.

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