A escura e suja barba
Revela os anos de solidão.
O gesto com o dedo mostra
A impotência e o medo de falar.
Talvez o medo de ninguém escutar.
A boca entreaberta, como se quisesse
Dizer algo ou balbuciar.
O olhar tácito e insano
De tantas noites na rua.
O tremor do corpo, que o acompanha
Mesmo quando já não há mais frio.
O olhar...
O que diz o olhar?
Não sei! Sinto apenas.
O que sinto? Sinto talvez por
Medo de sentir.
Sinto o que não se diz.
Sinto o que meu olhar não mostra,
O que minhas palavras não expressam.
O que consigo ver?
Eis a alma refletindo em seu corpo.
A vida está gritando.
A vida suplica vida.
A morte está à espreita
E segura suas mãos.
Já não há ninguém.
Já não há vida.
Já não há morte.
Já não há nada.
A alma está gritando.
Céus! Ninguém ver?
Por favor, olhem! Sintam!
Não conseguem sentir?
Meu Deus! Não conseguem escutar?
O silêncio também grita.
Oh! Estou só...
Sim! Estou só.
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