quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Sem Vezes Mais

Vejo a morte de uma só vez.
E ao continuar a vê-la
já não a vejo mais.
Agora o que vejo é a vida.
A vida como nunca tinha visto antes.
A vida de que sempre estive distante.

O medo da morte me faz viver.
Amar o que nunca amei,
Porque viver me rouba a vida.
A vida degenera a vida.
E eu que sempre quis morrer,
Hoje anseio inexoravelmente
[viver.

Às vezes no breve momento
Em que me levo ao sono,
Sonho que estou morrendo.
E ao despertar sinto um latente
Regozijo por saber que
[ainda estou vivo,
Vivo de sem vezes
Sem vezes mais... Sem mais... Sem vezes.

O adiamento da vida
É a orgia da vida.
E quem se esquece de viver
Esquece também que vai morrer.
Eu que sempre estive
distante da vida, vi a morte.
Agora aprendi como se deve viver. – E
– Estou vivo! Vivo de sem vezes,
[Sem vezes mais.

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